Alimentos Funcionais
Os primeiros alimentos com algum tipo de
modificação para aumentar seu valor nutritivo, especialmente com sais minerais,
apareceram na década de 1920. Durante as décadas seguintes houve um grande
desenvolvimento da tecnologia de alimentos em diversos aspectos como
desenvolvimento de novos ingredientes, embalagens, equipamentos e processos.
Após esse período de desenvolvimento uma nova preocupação, especialmente após
os anos da década de 1970 e 1980, foi com o desenvolvimento de característica
que além da segurança alimentar e aspectos nutricionais, pudesse oferecer um benefício adicional
ao consumidor.
Esta nova
preocupação levou ao desenvolvimento dos alimentos funcionais. inicialmente
este processo foi mais intenso no Japão onde, a partir de 1993 foi criada uma categoria de alimentos
designados Foshu (em inglês: FOSHU um Acrónimo de Food for specific health use), estes alimentos passaram
a ter maior destaque.
Com o
aumento da expectativa de vida dos brasileiros e ao mesmo tempo o crescente
aparecimento de doenças crônicas como obesidade, aterosclerose, hipertensão,
osteoporose, diabetes e câncer, está havendo uma preocupação maior, por parte
da população e dos órgãos públicos de saúde, com a alimentação.
Hábitos
alimentares adequados como o consumo de alimentos pobres em gorduras saturadas
e ricos em fibras presentes em frutas, legumes, verduras e cereais integrais,
juntamente com um estilo de vida saudável (exercícios físicos regulares,
ausência de fumo e moderação no álcool) passam a ser peça chave na diminuição
do risco de doenças e na promoção de qualidade de vida, desde a infância até o
envelhecimento.
O papel da
alimentação equilibrada na manutenção da saúde tem despertado interesse pela
comunidade científica que tem produzido inúmeros estudos com o intuito de
comprovar a atuação de certos alimentos na prevenção de doenças. Na década de
1980, foram estudados no Japão, alimentos que além de satisfazerem às
necessidades nutricionais básicas desempenhavam efeitos fisiológicos benéficos.
Após um longo período de trabalho, em 1991, a categoria de alimentos foi
regulamentada recebendo a denominação de "Foods for Specified Health
Use" (FOSHU). A tradução da expressão para o português é Alimentos
Funcionais ou Nutracêuticos. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), alimentos funcionais são aqueles que produzem efeitos metabólicos ou
fisiológicos através da atuação de um nutriente ou não nutriente no
crescimento, desenvolvimento, manutenção e em outras funções normais do
organismo humano.
De acordo
com a ANVISA, o alimento ou ingrediente que alegar propriedades funcionais,
além de atuar em funções nutricionais básicas, irá desencadear efeitos
benéficos à saúde e deverá ser também seguro para o consumo sem supervisão
médica.
O
surgimento recente desses novos produtos que trazem um "algo mais",
além dos nutrientes já conhecidos, teve influência de fatores como: os altos
custos com o tratamento de doenças, o avanço nos conhecimentos mostrando a
relação entre a alimentação e o binômio saúde/doença e os interesses econômicos
da indústria de alimentos.
É
importante salientar que antes do produto ser liberado para o consumo deve
obter registro no Ministério da Saúde e, para isso, precisa demonstrar sua
eficácia e sua segurança de uso. O fabricante deve apresentar provas
científicas comprovando se a alegação das propriedades funcionais referidas no
rótulo são verdadeiras e se o consumo do produto em questão não implica risco e
sim, benefício à saúde da população. Lembrando ainda que as alegações podem
fazer referências à manutenção geral da saúde, à redução de risco mas não à
cura de doenças.
As
propriedades relacionadas à saúde dos alimentos funcionais podem ser
provenientes de constituintes normais desses alimentos como no caso das fibras
e dos antioxidantes (vitamina E, C, betacaroteno) presentes em frutas,
verduras, legumes e cereais integrais ou através da adição de ingredientes que
modifiquem suas propriedades originais exemplificada por vários produtos
industrializados, tais como: leite fermentado, biscoitos vitaminados, cereais
matinais ricos em fibras, leites enriquecidos com minerais ou ácido graxo ômega
3.
Um ponto
que vale a pena ser comentado, é o fato de alguns alimentos industrializados
possuírem concentrações muito baixas dos componentes funcionais, sendo
necessário o consumo de uma grande quantidade para a obtenção do efeito
positivo mencionado no rótulo. No caso do leite enriquecido com ômega 3, por
exemplo, seria mais fácil e vantajoso, o consumidor continuar ingerindo o leite
convencional e optar pela fonte natural de ômega 3 que é o peixe. Primeiro,
porque normalmente os produtos industrializados com ação funcional são mais
caros, segundo pois o peixe tem outros nutrientes importantes a oferecer como
proteínas de boa qualidade, vitaminas e minerais. Portanto, o produto contendo
a substância funcional não substitui por completo, o alimento de onde foi
retirado tal composto, uma vez que apresenta apenas uma característica deste
Ainda em
relação aos produtos industrializados com caráter funcional, é importante
esclarecer que o simples consumo desse tipo de alimento, com a finalidade de
obter um menor risco para o desenvolvimento de doenças, não atingirá o objetivo
proposto se não for associado a um estilo de vida saudável levando em
consideração principalmente, a alimentação e a atividade física.
Alguns exemplos de compostos presentes
nos alimentos funcionais e seus respectivos benefícios à saúde. COMPOSTOS AÇÕES
NO ORGANISMO FONTES ALIMENTARES Betacaroteno Antioxidante que diminui o risco
de câncer e de doenças cardiovasculares Abóbora, cenoura, mamão, manga,
damasco, espinafre, couve Licopeno Antioxidante relacionado à diminuição do
risco de câncer de próstata Tomate Fibras Redução do risco ao câncer de
intestino e dos níveis de colesterol sanguíneo Frutas, legumes e verduras em
geral e cereais integrais Flavonóides Antioxidantes que diminuem o risco de
câncer e de doenças cardiovasculares Suco natural de uva, vinho tinto
Isoflavonas Redução dos níveis de colesterol sanguíneo e do risco de doenças
cardiovasculares Soja Ácido graxo ômega 3 Redução dos níveis de colesterol sanguíneo
e do risco de doenças cardiovasculares Peixes, óleo de peixes Pró-bióticos
Ajudam no equilíbrio da flora intestinal e inibem o crescimento de
microrganismos patogênicos Iogurtes, leite fermentado
Por
fim, uma alimentação equilibrada e variada incluindo, diariamente, alimentos de
todos os grupos na proporção correta já fornece alimentos com propriedades
funcionais naturais, sendo desnecessária a aquisição de produtos funcionais
industrializados normalmente com custo mais elevado para obter os nutrientes essenciais
e os benefícios à saúde.
Referências
FAGUNDES, R. L. M.; COSTA,Y. R.. Uso dos Alimentos Funcionais na Alimentação. Higiene Alimentar, SãoPaulo, v. 17, n. 108, p. 42-48, 2003.
FEIJÓ, MBS. Alimentos Funcionais. Apresentação Oral. Universidade Federal do Estado do Rio Janeiro (UNIRIO), Escola de Nutrição, dezembro, 2007.
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